maio 24, 2006

Música.

Esta é parte integrante da minha vida.. se não a estou a ouvir, estou a entoá-la, se a ouço, canto-a!

E perguntam-me vocês (alusão ao velho Herman, antes de ser louro, quando destruía cenários de concursos a tiros de caçadeira)... Quem te incutiu esse gosto?

O meu papá, naturalmente!

Era eu inda pequenina, já no carro improvisávamos um sistema de som, para ouvirmos as minhas cassetes.. coitados, a paciência dos meus pais (e ainda hoje da minha mãe) para ouvir todas as minhas músicas.. sempre acompanhadas por mim...

Desses gloriosos dias ainda guardo a cassete do Marco Paulo - era a da Anita, ainda ele estava in(?) - com os seus mirabolantes caracóis e a famosa passagem do micro; a cassete dos Cavalos de Corrida - os UHF e a música do mesmo nome, acompanhados de "rockada" à portuguesa com o Chico Fininho do Rui Veloso, e a Baby Suicida da Adelaide Ferreira, entre outras...; o Genius Supersonic com a Nena e os seus 99 Red Ballons e o George Michael, os Miami Sound Machine e a Irene Cara, o Bryan Adams e os Art Company entre outros; as cassetes da Ana Faria cantando os clássicos - quem não se lembra "O João o João quer ser cowboi ou então ou então superherói..." por exemplo; assim como os nossos clássicos: a cassete da Abelha Maia com todas as músicas da série, a cassete do Areias (o tal que era um camelo, com duas bossas e muito pelo) da amiga Susy Paula, a cassete do Hey Hey Vickie (do tempo em que os meninos eram rabinos) e que ainda nos falavam da Barata e do Fungagá da Bicharada. E aquela rua em que as casas tinham cabelo...


Mas nem só das minhas músicas se faziam as sessões musicais, quer em passeio quer em casa. A influência dos meus pais levou-me a conhecer as músicas da Amália (por ex: a dos caracóis), Tonicha (quem não se lembra do Zumba na caneca), da Mara Abrantes, de grandes artistas - enfim, grandes músicas. Principalmente da parte do meu pai, as marchas militares - John Phillip Sousa, a Marcha Colonel Bogey (A Ponte do Rio Kway), ou a Marcha dos Marinheiros, compõe uma enorme variadade de sons que me moldaram o gosto. Não gosto de tudo, mas consigo apreciar um grande leque de estilos musicais.

A não esquecer... As cassetes do Festival da Canção e da Eurovisão, quando as músicas ainda não eram todas iguais (e em inglês!); O Tony Silva; o António Variações.

Destaque:

Ó Tempo Volta Para Trás

(Manuel Paião e Eduardo Damas)

"A severa foi-se embora o tempo para mim parou,

o passado foi com ela para mim não mais voltou,
as horas para mim são dias, as horas para mim são dias
os dias para mim são anos,
recordação é saudade, recordação é saudade
saudades são desenganos

Ó tempo volta para trás, traz-me tudo o que eu perdi
tem pena e dá-me a vida, a vida que eu já vivi,
ó tempo volta para trás, mata as minhas esperanças vãs,
vê que até o próprio sol volta todas as manhãs.

Porque será que o passado e o amor são tão iguais,
porque será que o amor quando vai não volta mais,
mas para mim a severa, mas para mim a severa
é o eco dos meus passos,
eu tenho a saudade á espera, eu tenho a saudade á espera
que ela volte para os meus braços.

Ó tempo volta para trás, traz-me tudo o que eu perdi
tem pena e dá-me a vida, a vida que eu já vivi,
ó tempo volta para trás, mata as minhas esperanças vãs,
vê que até o próprio sol volta todas as manhãs. "

A Moda das Tranças Pretas
(Ginguinhas e Vicente da Câmara)

"Como era linda com seu ar namoradeiro
'Té lhe chamavam 'menina das tranças pretas',

Pelo Chiado passeava o dia inteiro,
Apregoando raminhos de violetas.


E as raparigas d'alta roda que passavam
Ficavam tristes a pensar no seu cabelo,
Quando ela olhava, com vergonha, disfarçavam
E pouco a pouco todas deixaram crescê-lo.

Passaram dias e as meninas do Chiado
Usavam tranças enfeitadas com violetas,
Todas gostavam do seu novo penteado,
E assim nasceu a moda das tranças pretas.

Da violeteira já ninguém hoje tem esperanças,
Deixou saudades, foi-se embora e à tardinha
Está o Chiado carregado de mil tranças
Mas tranças pretas ninguém tem como ela as tinha."

Marcha dos Marinheiros

(Matos Sequeira/Pereira Coelho/Carlos Calderón)

"Os marinheiros aventureiros
São sempre os primeiros
Na terra ou no mar.
Ao ver as belas
Pelas janelas,
Soltam logo as velas
Para as conquistar.

A navegar,
Sobre as ondas, desde Goa,
Nós viemos a pensar
Nas meninas de Lisboa.
Desembarcados,
Mesmo assim, os marinheiros
Vão ficar ancorados
A uns olhos traiçoeiros.

Salgadas pelo Mar
As nossas bocas vêm,
Vêm procurar o mel que os beijos têm,
Que é tão bom para as adoçar.

Largamos vela na ribeira de Pangim,
A pensar numa janela enfeitada de alecrim.
Entrando a barra,
Mal a nau chega a Belém,
O marujo deita amarra
À mulher que lhe convém.

Refrão"

Era assim.

Antes do Robbie Williams e dos Black Eyed Peas.
Antes do Jack Johnson e dos The Corrs, The Cranberries, Cardigans.
Antes dos Red Hot Chilly Peppers e do Scatman John.
Antes dos Fingertips, dos Hand On Aproach, dos Ez Special.
Antes do Boss Ac, dos Expensive Soul.
Antes dos Hoobastank, Reammon, Keane, Belle & Sebastian, Kings of Convenience.
Antes da música Country.

Ainda hoje sorrio ao ouvir as canções que eu e a minha prima cantávamos.. a brincar ao festival, que o JP guardou para posteridade.

3 comentários:

b' disse...

um post lindo e cheio de ternura...
gostei de ler e de lembrar:)

vamos lá imaginar
a cidade do penteado
onde as casas, pra variar
têm cabelo e não telhado

beijinhos musicais

@:)

Unknown disse...

Dia 7 de Junho O Autor, Carlos Barros, a Corpos Editora e o Clube dos Jornalistas tem o grato prazer de convidar V.Exa. , família e amigos para o lançamento do Livro - VAZIO DE CORES, no jardim do Clube dos Jornalistas no dia 07 de Junho,
Quarta feira, a partir das 18 horas.
na Rua das Trinas, 127, -na LAPA- Lisboa

-Vazio de Cores- será apresentado por:

- PAULINO COELHO - Programa da manhã da Radio Renascensa.

- Ex Ricardo dePinho Teixeira


Será servido um "Copo".




Vazio de Cores


" Nem sempre o que parece é, nem sempre o que é parece. São os impasses da vida, ou nem por isso que nos fazem pensar em "coisas".


O ponto de partida destes contos foram quase sempre o nada, nada mesmo.


Cada conto saiu da imaginação que me faz viver e sonhar, mas partiu sempre da primeira frase, todos eles nasceram sem destino, mas com uma vontade muito própria, ganharam vida e vontades, grande parte das vezes de um enorme vazio de ideias, mas lá se arranjava um "espacinho" para conspirar e deambular, por mais uma "estória".


As minhas duvidas sobre a minha capacidade de inventar e construir, mantém-se intactas, adoro duvidar de mim, adoro ter dúvidas, adoro descobrir que ás vezes nem eu acredito em mim, isso faz de mim um perfeito idiota, ai fica mais uma duvida qual o idiota que eu sou!


Por isso são os nadas que foram passando pela minha cabeça que estão aqui retractados, bem ou mal, cabe a quem os lê avaliar, mas atenção…"

Twenty-Something disse...

(",)

Bons tempos.. que fazem com que os de agora sejam ainda melhores!

Sempre no pensamento!